Como responder questões dissertativas em concursos

As questões dissertativas (ou discursivas) representam um dos maiores desafios que todo bom concurseiro terá de enfrentar cedo ou tarde. Afinal, qual é a receita para se construir uma boa resposta, sem correr o risco de incorrer em equívocos como fuga do tema, superficialidade e desorganização de ideias? Erros como esses podem obstaculizar a transmissão da mensagem ao avaliador e acabar por afetar a nota do candidato.

Por isso, este artigo se propõe a trazer algumas dicas sobre como responder questões dissertativas em provas de concursos públicos na área do Direito, embora com certeza vai ajudar muito quem for fazer provas de outras áreas!

Em primeiro lugar, vamos te ensinar a escrever uma excelente resposta quando você tem domínio suficiente do conteúdo que está sendo pedido no enunciado da questão. Mas também, mais para o finalzinho do artigo, vamos dar dicas de como dar aquela enrolada para conseguir uns pontinhos quando você não souber tão bem assim o que deve ser respondido.

ESTRUTURA

Como tudo na vida tem seu início, seu meio e seu fim, é imprescindível que sua resposta também esteja muito bem estruturada em introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução

A introdução deve conter: (i) uma breve contextualização do que foi posto no enunciado da questão, trazendo fatos sobre o assunto, demonstrando a relevância e a atualidade do tema e, se for o caso, fazendo um paralelo com regras e princípios do direito que se relacionam com a matéria; além de (ii) um apontamento sucinto da tese que será defendida na etapa do desenvolvimento.

Apesar de breve, a sua tese deve estar muito clara. Se a pergunta for binária (pergunta de sim ou não), é essencial que o avaliador saiba de pronto se você está respondendo positiva ou negativamente ao que foi perguntado.

Desenvolvimento

Na etapa do desenvolvimento, é preciso explicar, fundamentadamente, o que foi posto de forma resumida na introdução. É nessa parte que você vai responder com clareza ao que foi solicitado no enunciado da questão, sem deixar de mencionar os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais porventura necessários, bem como dispositivos legais e princípios do direito que corroboram a tese defendida.

Ainda, você poderá enriquecer seu desenvolvimento citando teses doutrinárias ou jurisprudenciais diferentes daquela que está a defender, fundamentando, de forma conciliadora, o porquê de seu entendimento prosperar em detrimento dos demais.

Conclusão

Em sua conclusão, você precisa reafirmar a tese defendida, respondendo de forma direta e clara ao que foi perguntado na questão, podendo acrescentar entendimentos jurisprudenciais, doutrinários, dispositivos legais ou princípios do direito que não foram citados no desenvolvimento e que ratificam seu ponto de vista.

CLAREZA

Para além do cuidado com a estrutura da resposta, o avaliado deve produzir uma dissertação que responda de forma clara e organizada ao que foi perguntado, sem floreios e fugas do tema. Isso não quer dizer que não possa fazer contrapontos, citando exceções, entendimentos jurisprudenciais e doutrinários contrários, ou institutos que se relacionam com a resposta mas que não correspondem diretamente a ela. O que se deve evitar são abstrações que tornem o conteúdo da resposta dúbio, demasiado fluido, e que gerem incerteza no avaliador em relação à tese sustentada.

Ainda sobre a clareza, é de primordial importância que se escreva com letra legível. Não importa se sua letra é de forma ou cursiva, mas é essencial que o avaliador compreenda perfeitamente o que você colocou no papel, para não correr risco de perder ponto à toa.

GRAMÁTICA

Ainda que pareça uma obviedade, é preciso ressaltar a necessidade de fugir de qualquer tipo de incorreção gramatical, no que toca à ortografia, sintaxe, concordância, regência etc. Para isso, você deve estar plenamente familiarizado com os usos da língua portuguesa, para não escorregar na hora da sua avaliação.

CONTEÚDO JURÍDICO

Quanto ao conteúdo da resposta, e esse é o ponto mais importante, sua dissertação deverá conter todos os institutos necessários para responder a questão, incluindo os conceitos, funções, incidências, exceções à ocorrência, bem como os dispositivos legais e entendimentos doutrinários e jurisprudenciais que tratam desses institutos, sempre de acordo com o que foi requisitado no enunciado.

Além disso, é preciso ressaltar a necessidade de se adotar entendimentos jurisprudencial e doutrinário majoritários e atuais, deixando claro que se trata de entendimento minoritário, não dominante, quando for o caso.

Válido mencionar que o conteúdo da sua resposta deverá estar de acordo com as leis e normas mais recentes, ou seja, aquelas em vigência no ordenamento jurídico pátrio.

E se você não souber muito bem a resposta?

Agora, você deve estar se perguntando: “e se eu não tiver certeza da resposta?” Sabemos que deixar a questão em branco não é uma opção. Existe uma forma correta de enrolar para tentar conquistar alguns pontinhos? A resposta é sim!

Se você passou o olho na matéria, mas não fixou as minúcias de seu conteúdo, significa que, muito provavelmente, você tem noção dos aspectos gerais do assunto tratado na questão, ainda que lhe falte conhecimento sobre institutos, dispositivos, entendimentos jurisprudenciais e doutrinários específicos.

Nesse caso, o que você deve fazer é evitar qualquer chute abstrato de elementos da matéria que porventura passarem pela sua mente, pois assim você provavelmente incorrerá em erro.

Em vez disso, procure tratar sobre dados mais gerais da disciplina, que abarquem em seu âmago institutos diversos. Dessa forma, mesmo que você não responda exatamente o que foi solicitado, o avaliador provavelmente vai te dar alguns pontos por você ter abordado determinados aspectos do que foi perguntado, ainda que de maneira ampla, geral ou tangencial.

Por exemplo, é uma boa opção, nesses casos, discorrer sobre princípios e corolários fundamentais do ramo do direito relativo à matéria questionada, aplicando-o ao caso tratado no enunciado da questão. Dessa forma, ao se construir uma argumentação em torno do princípio que rege aquele assunto, você vai mostrar ao avaliador que sabe alguns pontos importantes, ainda que não seja o nível ideal de conhecimento.

Preparado o terreno, você pode até se permitir um chute consciente ao fim de sua resposta.

Vale ressaltar que, mesmo na enrolação, as orientações descritas acima quanto à estrutura (introdução, desenvolvimento e conclusão), clareza, gramática e conteúdo jurídico (ainda que limitado ao pouco conhecimento que você tiver) se aplicam e devem ser observadas no que couber.

Resumo da ópera

Para deixar bem fixado, uma resposta impecável deverá estar de acordo com os seguintes critérios:

1. ESTRUTURA

  • Introdução
  • contextualização
  • tese
  • Desenvolvimento
  • fundamentação
  • dispositivos e entendimentos
  • Conclusão
  • reafirmação da tese

2. CLAREZA

  • precisão
  • evitar floreios
  • escrita legível

3. GRAMÁTICA

  • correção da língua portuguesa

4. CONTEÚDO JURÍDICO

  • dispositivos corretos
  • entendimentos atuais e majoritários
  • norma vigente

Quer saber ainda mais? Assista ao vídeo abaixo, com o excelente Rafael Cunha ensinando a enfrentar provas discursivas em concursos e saia pós-graduado no assunto!

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